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Estrada Parque é devastada pela maior seca do Pantanal

26 setembro 2020 - 11h32Sylma Lima e Gesiane Sousa

A redação do Capital do Pantanal embarcou numa expedição à Estrada Parque, via turística da zona rural de Corumbá, que dá acesso ao lindo Porto da Manga, região que atrai centenas de turistas do Brasil e do Mundo todos os anos, para admirar a beleza do Pantanal Sul-Mato-Grossense.

A visão é desoladora.  Não existe mais o verde das árvores, nem aves são vistas asseando pelo céu azul e  nem os animais sobreviventes resistem as condições críticas. O ano de 2020 entra para a história do bioma pantaneiro como o mais crítico das queimadas nas últimas seis décadas. Setembro, que ainda nem acabou, já superou todos os registros do ano. As chamas no Pantanal já destruíram 21% de todo o bioma e ambientalistas apontam que a recuperação pode demorar mais de 100 anos.

Segundo dados do Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), até o dia 23 de setembro, foram registrados 6.048 incêndios no bioma, considerado a maior planície alagada do planeta.  O recorde anterior era de agosto de 2005, com 5.993 focos, em seguida vem agosto deste ano, que registrou 5.935 pontos de calor. Em 16 de setembro, o número de focos já superava qualquer valor registrado em meses de setembro anteriores.

Vegetação seca é ameaça para novos incêndios. Foto: Sylma Lima 

O período mais úmido do Pantanal teve pouca chuva e 2020 teve o primeiro semestre com maior número de queimadas no bioma. Incêndios de grandes proporções ocorrem na região desde de abril, quando equipes de outros Estados e forças militares desembarcaram com equipamentos e aeronaves para combater o mal que se assola no Pantanal.

O rio Paraguai tem sofrido as consequências da seca histórica, nos pontos mais críticos, o nível da água não atinge nem 10 centímetros e a Marinha do Brasil já alertou para a dificuldade de navegação no leito. Recentemente, em 17 de setembro, um barco luxuoso que trazia o cantor sertanejo Eduardo Costa ficou encalhado em bancos de areia.

Situação ainda pior são para os peões que trabalham nas enormes  fazendas da região. O calor é escaldante, há muita fumaça e há restrição de água até para beber. Trabalhadores rurais ouvidos pela redação, relataram que por vezes, a água que se acumula nos camalotes que ainda restam no rio, é a opção para matar a sede em meio a labuta.

O fogo atingiu áreas de preservação ambiental como o Amolar, 15 quilômetros de distância do período urbano de Corumbá, já na divisa com Mato Grosso. Famílias ribeirinhas precisaram sair de suas casas às presas, pois o fogo se aproximava com rapidez.  Aproximadamente 50 homens, entre Bombeiros de Corumbá , do Estado do Paraná e brigadistas do Ibama/Prevfogo estão acampados na região sem previsão de retorno lutado contras as chamas para proteger casas ribeirinhas e a única escola da região da Barra do São Lourenço.

Comparação assusta: Foto: Arquivo/Capital do Pantanal

Quem já teve a experiência de passar pela Estrada Parque, hoje não reconhece o cenário. A vegetação está muito seca, grande parte já esturricada, assim como animais que eram facilmente vistos e hoje estão carbonizados. A secura da vegetação é um agravante para a ocorrência de novos incêndios.

A ponte de madeira sobre a vazante, primeira da MS 228 (Estrada Parque), que foi destruída pelo fogo em 5 de agosto deste ano, continua caída. Apesar do anúncio do governo de que a reconstrução iniciaria em até duas semanas após o acidente, não há nem sinais da obra ter começado. O Capital do Pantanal apurou informações junto a Agesul (Agência Estadual de Gestão Empreendimentos), Luiz Mário Anache, engenheiro chefe da agência, afirmou que a licitação para a construção de uma nova ponte ocorre em Campo Grande e que ainda não há previsão. O contrato de manutenção permanente, já vencido, também não foi renovado. O desvio implantado pela Agesul no local, como medida temporária para que fazendeiros tivessem acesso ao outro lado do leito, permanece como única opção.

Não há nem sinal de reconstrução da ponte destruída pelo fogo a mais de um mês. Foto: Sylma Lima

Enquanto isso, a Polícia Federal (PF) apura responsabilidade criminal nos incêndios, que fez o governo do Estado decretar situação de emergência em 6 de agosto. A PF identificou pelo menos quatro fazendas que iniciaram fogo simultaneamente ainda no mês de junho. Informações reunidas estão sob a análise do Ministério Público Federal que decidirá se pode ou não instaurar o inquérito.

 

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