Expressões como “cainha”, “coro”, “para de mula” e “correr duro” fazem todo o sentido para quem nasceu ou mora em Corumbá. E foi pensando em manter estas palavras no vocabulário dos corumbaenses e decifrar para quem não conhece, o designer gráfico Paulo César da Silva Botelho, de 24 anos, criou a página “Alaaagurí” no Facebook. A ideia deu certo e o objetivo agora é transformar o nome em marca.
Paulo César conta que sempre teve vontade de trabalhar com a web. “Então pensei em alguma coisa para Corumbá e vi que ninguém fazia o que eu pretendia fazer: propagar a cultura da cidade usando o design”.O planejamento começou em julho e a página foi ao ar no mês seguinte.
A locução escolhida para dar nome ao projeto, “Ala, guri!” é uma das mais comuns na cidade, usada em caso de espanto. “Cainha” é sinônimo de avarento, “para de mula” é uma determinação de fim da brincadeira e o duro depois do verbo correr é adjetivo para dar mais ênfase.
O designer afirma receber várias sugestões de expressões para publicar na página, mas tenta manter apenas as mais utilizadas pelos corumbaenses já que algumas gírias são conhecidas nacionalmente. “Digamos que 80% das ideias dos posts são minhas. São coisas que eu ouvi muito quando era mais jovem e ainda escuto com meus amigos e em casa também”, diz.
Em três meses, a página alcançou 6.635 curtidas. “Recebo várias mensagens de pessoas agradecendo por eu ter criado a “Alaaagurí”, dizendo que Corumbá estava precisando. Tem também muito corumbaense que mora fora e fala que mata saudades da cidade na página”.
OUTRO OBJETIVO
Paulo César diz que esperava por este resultado positivo, mas não pensava em incrementar a renda por meio da página. “Inicialmente, não”.
Ele mudou de ideia e vai lançar camisetas estampadas com as expressões publicadas na a “Alaaagurí”. “Percebi que havia uma oportunidade de negócio, um nicho que ninguém estava explorando aqui na cidade que é o da cultura regional”.
As estampas estão sendo criadas por ele e as camisetas serão comercializadas a partir de dezembro. “ É para aquelas pessoas que acreditam que se vestir é, antes de qualquer coisa, mostrar um pouco da sua cultura”, finaliza.