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Consumidores da Bolívia “salvam” comércio de Corumbá

03 agosto 2019 - 10h14Correio do Estado

A valorização do peso boliviano em relação ao real no primeiro semestre deste ano acabou com o chamado comércio formiga da fronteira em Corumbá, onde as apreensões de contrabandos de toneladas mercadorias oriundas da Bolívia concorriam com as ações antidrogas da polícia. Enquanto o lado boliviano perdeu 80% dos turistas brasileiros, em Corumbá o comércio foi invadido pelos bolivianos, que lotam o centro da cidade, ocupam a rede hoteleira e movimentam o turismo de eventos.

Com maior fluxo nos fins de semana, a presença do boliviano se tornou rotina na cidade pantaneira, atraído por lojas-âncoras de departamentos que se instalaram nos últimos dois anos com o crescimento do comércio. É intenso e diário o movimento de veículos do país vizinho no perímetro central, onde famílias de bolivianos, de pequeno e médio poder aquisitivo, perambulam com sacolas pelas calçadas no entra e sai de lojas e lanchonetes.

A associação comercial local e a prefeitura não têm um levantamento dos reflexos desse boom na economia do município quanto à geração de empregos e aumento da arrecadação tributária. Contudo, não é preciso nenhum diagnóstico para entender e comprovar essa inversão de consumo na fronteira com a alta da moeda norte-americana. O comércio de Corumbá nunca faturou tanto em um período de recessão e incertezas na economia brasileira.

NA GANGORRA DO DÓLAR

“O poder de compra do boliviano está atrelado ao dólar”, afirma André de Arruda Campos, secretária-adjunto municipal de Desenvolvimento Econômico e Sustentável. “O boliviano quebrou a sazonalidade que existia no nosso comércio, que passou a ter movimento o ano todo e não está sofrendo tanto com essa crise. Com isso, a cidade atraiu grandes lojas e muitos empresários querem investir em hotelaria e outros setores”, comentou.

O aquecimento do comércio corumbaense já aponta uma nova tendência do mercado fronteiriço, cujo baixo consumo até cinco anos atrás não atraía grandes grupos empresariais. Em breve, a cidade ganhará seu primeiro hipermercado, do grupo atacadista Mega, que atua em Campo Grande, Costa Rica e Chapadão do Sul. O empreendimento de R$ 15 milhões está sendo construído no bairro Popular Velha e vai gerar 100 novos empregos diretos.

“Ninguém faz um investimento desse sem pesquisa de mercado”, diz, animado, o presidente da Associação Comercial de Corumbá, Lourival Vieira Costa. “O boliviano segurou o nosso comércio com a inversão do fluxo de consumo na região, embora exista sempre essa gangorra em função do dólar”, cita. “Hoje, estamos recebendo compradores de outras cidades da Bolívia, como La Paz e Santa Cruz. Realmente estamos vivendo um momento especial”.

O empresário e presidente da Federação das Associações Empresariais do Estado (Faems), Alfredo Zamlutti, afirma que o comércio de Corumbá estaria falido sem o boliviano. Presidente da associação comercial local por 11 anos, ele estima que 70% do giro financeiro se deve ao consumidor vizinho, que aqueceu também o setor imobiliário e toda a cadeia de serviços. “Mesmo discriminado, o boliviano tem sido o ‘salvador da pátria’ do comércio de Corumbá”, pontua.

ABERTAS NO DOMINGO

Lojas fechadas por falta de consumidor brasileiro, mercadorias de má qualidade e preços variando conforme o freguês transformaram o comércio de Puerto Quijarro e Puerto Suárez, cidades bolivianas situadas próximas à fronteira, em um centro pouco atrativo – motivado também pela alta variação do dólar. O sacoleiro agora é o boliviano, com uma diferença, ao contrário do brasileiro: ele compra em Corumbá para consumo próprio.

“O movimento aqui caiu mais de 80%”, diz comerciante boliviana que não quis se identificar. Mesmo com essa queda extraordinária nas vendas do lado boliviano, os feirantes e as grandes lojas, que hoje trabalham com metade das gôndolas, insistem em praticar seus altos preços e fixar o dólar acima do valor do câmbio no Brasil, principalmente nos fins de semana, quando aparecem pequenos grupos de pescadores brasileiros. Na quinta-feira, a maioria dos lojistas de Puerto Quijarro praticava o dólar a R$ 4,08, mesmo com o comércio às moscas.

Com a nova onda de consumo do lado brasileiro, veículos bolivianos congestionam a BR-262 e a MS-428 em direção a Corumbá, aumentando o transporte clandestino de passageiros em vans, apesar do protesto dos taxistas brasileiros. O aquecimento nas vendas ampliou a abertura do comércio aos domingos e gerou a concorrência desleal: cresceu o comércio ilegal com a falta de fiscalização da prefeitura, apesar do alerta da associação comercial.

No entanto, quem apostou no consumismo boliviano está ganhando dinheiro e se expandindo. É o caso da loja de departamento Oxigênio, de um grupo mineiro, que abriu em Corumbá a primeira filial de Mato Grosso do Sul. “40% das vendas são para o boliviano, que paga à vista e em dólar”, diz o gerente Deyvidison Souza. “Nos fins de semana, 80% dos clientes são da Bolívia”, completa. Em um ano e três meses, o grupo abriu uma segunda filial na cidade e emprega 52 pessoas.

 

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