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Aquários naturais e humanidade em perigo

18 maio 2018 - 14h30José Carlos Cataldi

O homem mexe com a natureza sem medir consequências. O Ministério Público do Mato Grosso do Sul esta de olho na Sanesul, diante da história de captar água subterrânea no Município de Bonito, em áreas correspondentes às bacias de rios considerados cênicos.

O mundo inteiro festeja e quer nadar com peixinhos em águas límpidas que não podem sequer serem revolvidas para não afetar o equilíbrio da fauna aquática. Mas, a empresa de águas e saneamento insiste em buscar alternativas para o abastecimento humano nestes santuários. Não só em Bonito, como em todo estado.

Em Corumbá, bem próximo à captação do Pantanal, a Sanesul, ao invés de dar exemplo, faz lançamento de despejos de procedência duvidosa, a ponto de favorecer a formação de ‘basseiros’ enormes, que dificultam os pescadores e a quem deseja a atracação. Além de pôr em risco a pesca e a saúde da população. 

A Sanesul e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul foram convocadas a aprofundar estudos sobre a captação de água subterrânea no estado. O promotor do Núcleo Ambiental, Luciano Furtado Loubet, em encontro do qual também participou o promotor de Justiça da Comarca de Bonito, Alexandre Estuqui, fixou em 15 dias o prazo para apresentação de um laudo conclusivo.

Representantes da empresa de saneamento alegam que as áreas de exploração superficial terrestre estão esgotadas. Mesmo além do perímetro urbano. Afirmam que o custo em buscar a água em maiores profundidades, além de ser alto, esbarra em questões ambientais internas e, principalmente externas, por envolver países vizinhos, como Uruguai, Paraguai e Argentina, também montados sobre o ‘Aquífero Guarani’ que, no Brasil, favorece o Mato Grosso do Sul (213.200 km2), Rio Grande do Sul (157.600 km2), São Paulo (155.800km2), Paraná (131.300 km2), Goiás (55.000 Km2), Minas Gerais (51.300 km2), Santa Catarina (49.200 km2) e o Mato Grosso (26.400 Km2). Maior parte, portanto, está no Brasil, vindo em segundo lugar a Argentina (225.500 km2), o Paraguai (71.700 km2) e o Uruguai (58.500). Na Argentina o aquífero é praticamente imprestável. A água está em grandes profundidades e tem salinidade 3 vezes maior que a água do mar.

O ‘Aquífero Guarani’, hoje, é a segunda maior reserva de água doce do mundo, ocupando área de 1,2 milhão de quilômetros quadrados, armazenando 43 trilhões de metros cúbicos de água, numa profundidade de mil e 500 metros, capaz de abastecer 400 milhões de habitantes, com água doce, por ano. Já foi considerado o maior, até a descoberta do ‘Aquífero Alter do Chão’ que está no subsolo da Amazônia, entre Amazonas, Pará e Amapá.

Rico em água no subsolo, o Brasil precisa cuidar de seus quase 25 aquíferos identificados, dos quais se destacam: Alter do Chão, Guarani, Baurú, Botucatu, Serra Geral, Cabeças, Urucuia-Areado, Furnas, Karst, Hamza e Itapecuru.

A responsabilidade sobre os recursos hídricos brasileiros são enormes. Repercutem no mundo. Especialistas em hidrologia afirmam que no caso do Guarani, cujo nome proposto pelo geólogo uruguaio Danilo Anton, homenageia indígenas que habitavam a superfície da área; a reserva seria capaz de abastecer a população mundial por mais cem anos, numa possível escassez, com a vantagem de assegurar contra contaminações e infiltrações, protegida que está por uma camada de rocha basáltica.

Considerando apenas a utilização em níveis adequados pelo Brasil, o Aquífero Guarani’ seria capaz de abastecer o povo brasileiro por mais 2 mil e 500 anos. O Aquífero Alter do Chão tem o dobro da capacidade.

Politização do Aquífero Guarani

Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo, já se abastece exclusivamente da captação no Aquífero Guarani. São Paulo-Capital quase recorreu ao manancial para superar a crise hídrica em 2014. Mas, o risco de contaminação aumenta a cada dia. O governo Alckmin encomendou estudo a USP. A conclusão foi de que o aquífero suportaria uma retirada de 1 m3 por segundo, igual a 3.600 m3 por hora. No Mato Grosso do Sul a tendência da água é ter boa qualidade, mas o impacto ainda está sendo avaliado.

Vários fatores devem pesar no estudo. Inclusive os cultivos de superfície. O eucalipto, por exemplo, deixa o solo impermeável e dificulta a infiltração que renovaria o manancial. O pasto do gado também deve ser observado. Portanto, a conscientização de quem usa o território é fundamental.

Privatização

Desde 2016 vem circulando notícia de que o Aquífero Guarani será privatizado. Houve desmentido, mas, em 2017 e 2018 a matéria voltou à pauta, por causa de um projeto do senador Tasso Jereissati (PSDB/CE), prevendo cessões de direito de uso, em caso de escassez, ‘mantida a prioridade de consumo para pessoas e animais’. Interessadas na aquisição estariam a Coca Cola e a Nestlé, que já explora indiretamente o Aquífero Guarani, em São Lourenço, onde engarrafa a água mineral, com marca de mesmo nome.

 

 

 

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