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Com decreto de falência, Oi encerra capítulo da telefonia em MS

11 novembro 2025 - 12h10CG News

A Justiça do Rio de Janeiro decretou, nesta segunda-feira (10), a falência da operadora Oi, encerrando um ciclo que começou em Mato Grosso do Sul há quase 50 anos, com a criação da Telems (Telecomunicações de Mato Grosso do Sul S/A). A estatal foi responsável por levar a telefonia ao Estado e, anos depois, dar origem à Brasil Telecom, empresa incorporada pela Oi em 2009.

A trajetória por aqui começa em 1992, quando a tecnologia móvel chegou a Mato Grosso do Sul pelas mãos da Telems. O primeiro telefone celular do Estado era um Motorola PT 550, presenteado pelo então presidente da estatal ao governador Pedro Pedrossian. Por causa do perfil reservado do governador, o aparelho acabou ficando com seu motorista, Benedito Martins, hoje com 71 anos.

“Ele era bem reservado; não dava o celular pra ninguém e aí passou o número pra mim”, lembra Benedito, que mantém o mesmo contato até hoje. Na época, os números tinham apenas seis dígitos. O dele era 811100, que ganhou novos algarismos com o tempo, conforme a expansão do sistema nacional de telefonia.

Os primeiros aparelhos eram conhecidos como tijorolas, por causa do tamanho e do peso das baterias. Benedito, que acompanhou essa evolução, diz sentir-se honrado por ter o primeiro número do Estado, mas lamenta a qualidade atual do serviço. “No começo era bom, porque era tudo novo. Agora está ruim; você está falando e a ligação cai. A tecnologia melhorou, mas o sinal tem dia em que não pega, e eu viajo bastante”, comenta.

A Telems foi privatizada em 1998, durante o processo nacional de desestatização do sistema Telebrás, e incorporada pela Brasil Telecom, que passou a controlar os serviços de telefonia fixa e móvel em Mato Grosso do Sul. Em 2009, a Oi comprou a Brasil Telecom, ampliando seu domínio e assumindo também o legado da antiga estatal sul-mato-grossense.

A operadora, que chegou a ser uma das maiores do país, enfrentou sucessivas crises financeiras e entrou em duas recuperações judiciais. Em abril de 2022, vendeu o serviço de telefonia móvel para um consórcio formado por Vivo, Claro e TIM, numa tentativa de reduzir dívidas bilionárias e se concentrar na oferta de internet de fibra óptica.

Sem conseguir cumprir o plano de reestruturação, a Oi pediu à Justiça o reconhecimento do estado de insolvência na sexta-feira (7). A decisão da 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou a falência da companhia e determinou a suspensão de todas as ações e execuções contra a empresa, que deverá apresentar uma nova lista de credores.

Segundo a Folha de S. Paulo, a Oi continuará operando provisoriamente para garantir a conectividade da população e de órgãos públicos e privados. Ainda não há prazo definido para o fim dessa operação.

Assim, a história da telefonia em Mato Grosso do Sul, iniciada com uma estatal local, transformada por privatizações e consolidada em uma gigante nacional, se fecha com o colapso da própria Oi. Um percurso que começou com um tijorola e seis dígitos e termina com o símbolo do declínio de um setor que nasceu público, cresceu privatizado e sucumbiu à própria dívida.

Atualmente, a linha não está mais vinculada à Oi. O serviço de telefonia móvel da companhia foi vendido em abril de 2022 a um consórcio formado por três operadoras: Vivo, Claro e TIM.

Segundo a Folha de S. Paulo, a Oi continuará operando provisoriamente para garantir a “conectividade da população e de órgãos públicos e privados”. A decisão da 7ª Vara Empresarial do TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) não estabelece prazo para essa operação temporária.

A falência foi decretada após a empresa pedir o reconhecimento do estado de insolvência na última sexta-feira (7). A Justiça determinou a suspensão de todas as ações e execuções contra a companhia, que deverá apresentar uma nova lista de credores.

A Oi, que já foi uma das maiores operadoras do país, enfrentava sua segunda recuperação judicial. No pedido, o administrador judicial Bruno Rezende afirmou que a empresa não tinha mais capacidade de quitar suas dívidas nem de cumprir o plano de reestruturação. A companhia deve seguir em funcionamento até concluir a transferência de todos os serviços prestados.

Linha do tempo

  • 1979 – A criação da Telems

Fundada em 1979, a Telems surgiu dentro do sistema Telebrás, com a missão de expandir a telefonia no então jovem Estado de Mato Grosso do Sul. Era uma época em que possuir um telefone fixo era símbolo de prestígio e o serviço era limitado a poucos bairros de Campo Grande e cidades de maior porte.

  • 1980 – A expansão das linhas fixas

Durante os anos 1980, a Telems ampliou o acesso à telefonia fixa e instalou as primeiras centrais automáticas, substituindo o sistema manual de telefonistas. O crescimento econômico e populacional de MS exigia modernização, e a estatal se tornou referência regional, levando o serviço a municípios como Dourados, Corumbá e Três Lagoas.

  • 1992 – A chegada da telefonia celular

Sob gestão da Telems, Mato Grosso do Sul recebeu o primeiro sistema de telefonia móvel em 1992. O primeiro aparelho, um Motorola PT 550, foi entregue ao então governador Pedro Pedrossian e acabou ficando com seu motorista, Benedito Martins, que mantém o número até hoje.

  • 1998 – A privatização e o fim da Telems

Com o processo de privatização do sistema Telebrás, a Telems foi vendida em 1998 e incorporada pela Brasil Telecom. A mudança marcou o fim da estatal e o início de uma nova fase no setor, agora sob controle privado. A Brasil Telecom expandiu rapidamente a telefonia fixa e móvel, modernizando a rede e ampliando a cobertura no Estado.

  • 2009 – A fusão com a Oi

A Oi adquiriu a Brasil Telecom em 2009, formando uma das maiores operadoras do país. A partir daí, toda a estrutura herdada da Telems passou ao controle da nova companhia. Em Mato Grosso do Sul, a Oi se tornou a principal responsável pelo serviço de telefonia fixa e parte da móvel, mantendo a base de clientes da antiga estatal.

  • 2022 – Venda e reestruturação

Após anos de crise e endividamento, a Oi vendeu sua operação de telefonia móvel, em 2022, para o consórcio formado por Vivo, Claro e TIM, tentando focar em serviços de internet e fibra óptica.

  • 2025 – O colapso final

Em 2025, sem conseguir cumprir o plano de reestruturação e reconhecendo a própria insolvência, a Oi teve a falência decretada pela 7ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. A decisão suspende todas as ações contra a companhia, que ainda deve continuar operando temporariamente para não interromper serviços essenciais.

De símbolo da modernização de Mato Grosso do Sul à queda de uma gigante nacional, a trajetória da Telems à Oi reflete o caminho da telefonia brasileira — de um telefone fixo disputado a um país hiperconectado, mas ainda marcado por descompassos entre tecnologia, gestão e serviço público.

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