O MSDF 2025 transformou a Praça do Rádio Clube em uma arena de energia crua, onde a dança urbana dominou o palco e mostrou a potência das periferias sul-mato-grossenses. Em uma noite de batalhas intensas, performances de rua e muita identidade, a 12ª edição do festival reafirmou o lugar da cultura hip-hop como expressão de resistência e sobrevivência.
Os grupos que passaram pelo Palco Fluxo, no sábado (22), vieram de diferentes regiões do Estado e até de outros estados, levando ao público coreografias carregadas de vivência, estética street e mensagens que ultrapassam a técnica. A competitividade acirrada revelou a força de coletivos do interior, que, mesmo enfrentando falta de apoio, seguem firmes na construção de espaços de arte.
No solo, o destaque ficou para o PS Brasil, de Londrina (PR), que conquistou o primeiro lugar com “Favela Vive”, performance de interpretação forte e narrativa direta.
Corumbá também brilhou: o CAIJ Cripam garantiu dois títulos, campeão no Duo e no Conjunto Júnior, levando o nome da cidade ao pódio da principal competição de danças urbanas do Estado.
Outros destaques da noite incluíram o artista Max Moura, de Sonora, vencedor na categoria Conjunto Sênior e eleito melhor coreógrafo do festival, além do Armazém 67, de Campo Grande, que levou o ouro no Trio.
As apresentações foram avaliadas pelo júri técnico formado por André Rockmaster e Natasha Sousa, de São Paulo (SP), e Victor Hamamoto, de Brasília (DF).
Da estrada ao palco
Vindo de Londrina exclusivamente para competir, Samuel Santana, o Sassá, destacou o significado simbólico de participar do evento. “O que me motiva sempre a estar nesses lugares é muito mais do que estar no palco. É sobre isso aqui: a troca, as aulas, o conversar, se emocionar junto. Esses festivais precisam ser cada vez mais valorizados. Sou do Paraná, e estar aqui hoje no Mato Grosso do Sul tem um peso muito grande. Vir pra cá, várias horas de viagem, mostra a relevância desse festival”, afirmou.
O veterano Max Moura, presente em todas as edições desde 2004, voltou ao MSDF como competidor e professor. Para ele, o festival é uma das principais portas de formação e capacitação de dançarinos no Centro-Oeste. “O importante é a participação. Nosso foco é entregar mensagem através das coreografias. Fazer cultura em Campo Grande já é difícil, em Sonora, então, é ainda mais. Viemos representar a cidade e queremos mudar essa história.”
Corumbá no pódio
Um dos maiores destaques da noite foi o trabalho do CAIJ Cripam, que saiu de um bairro periférico de Corumbá para alcançar duas medalhas. O coreógrafo Leandro Lincoln lembrou o esforço coletivo para possibilitar a viagem. “Viemos por conta própria, fizemos rifa, promoções, buscamos apoios, que não foram muitos. Somos 32 bailarinos, e com pais e educadores chegamos a 44 pessoas. Viemos do Cravo Vermelho, um bairro periférico, precário, mas com muito potencial.”
Para Isís Franco, de 10 anos, a experiência foi mais que um título: foi a prova de que o grupo consegue superar barreiras. “O Max criou o grupo nos anos 90 e fez tudo o que temos hoje. Para estar aqui tivemos que fazer rifa, vender pizza e garantir os gastos da viagem de ônibus. A prefeitura de Sonora não colaborou com nada. Chegar aqui, apesar das dificuldades, motiva muito.”
Ranking completo
Solo
- 1º - PS Brasil (Londrina-PR) – Favela Vive
- 2º Armazém 67 (Campo Grande) – Uma Dose de Club
- 3º Cia Movimento Dance (Sonora) – Deixe Fluir
Duo
- 1º CAIJ Cripam (Corumbá) – Funk Style
- 2º Armazém 67 (Campo Grande) – Raízes da América
- 3º JF Stúdio de Dança (Nova Andradina) – Pedalando no Flow
Trio
- 1º Armazém 67 (Campo Grande) – Brincar é Dançar
- 2º Dehal Trio – DHALL CREW (Campo Grande)
- 3º Conexão Urbana (Campo Grande) – Sour Candy
Conjunto Júnior
- 1º CAIJ Cripam (Corumbá) – Black Style
- 2º D’Soul (Campo Grande) – Soul do Ghetto
- 3º Hit Hoppers (Sonora) – Movi Mente Se
Conjunto Sênior
- 1º Cia Movimento Dance (Sonora) – Pontes Invisíveis
- 2º Cia Storm (Nova Andradina) – Noite Fria
- 3º DHALL Crew (Campo Grande) – Lioness
A edição mais intensa do MSDF
Segundo o idealizador do festival, Edson Clair, esta foi “a edição mais pesada da história”, marcada por diversidade, impacto territorial e ocupação da praça por famílias inteiras. Ele reforça a importância dos apoios para manter o evento vivo. “O Festival cresceu muito ao longo dos anos e, hoje, é impossível executá-lo sem apoio, patrocinadores. Somos gratos aos que acreditam no projeto e nesta edição à PNAB.”
A 12ª edição do MS Dance Fest foi realizada pelo Espaço FNK, com financiamento da PNAB (Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura), via MinC e Governo Federal, em edital da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS) e Setesc.*Com informações da assessoria de comunicação.
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Edição reúne dançarinos de vários estados e registra dois títulos do CAIJ Cripam representando Corumbá. (Foto: Divulgação )


