Meu nome é Gabriele do Prado, sou moradora da Fazenda Estaca, aonde passou a água e a lama da barragem do condomínio de luxo, Nasa Park, em 20 de agosto de 2024. Um ano após a tragédia anunciada, seguimos sem respostas. São 365 dias sem qualquer indenização, tentando recomeçar do zero, já que os proprietários do condomínio se quer a antecipação de tutela começaram a nos pagar.
Estamos recomeçando aos poucos e do jeito que dá. No mês passado que conseguimos comprar os primeiros leitões para voltar a criar suínos. A barragem levou todos os nossos porcos já grandes, que eram para produção de banha. A barragem também levou nossas hortaliças, o mandiocal, nossos peixes, toda a nossa renda. Além de nossas casas e sonhos...
Estamos tentando restabelecer a plantação, mas está impossível, pois antas e capivaras comem tudo o que plantamos. A cerca que antes protegia as plantações também foi levada pela lama e não existe mais.
Os proprietários não se preocupam em nos indenizar, nem se preocupam em fazer a limpeza das areas afetadas pela barragens deles, não reconstruiram as cercas. Enfim, está tudo destruído do jeito que a barragem deles deixou. Um ano se passou e nenhuma providencia foi tomada.
É muita falta de respeito. Eles não agem como seres humanos, nem nos enxergam como seres humanos... Será que a justiça é cega? Estamos há um ano lutando para refazer o mínimo em nossa área atingida e nenhuma ajuda dos proprietários chega até nós. Nem mesmo a prefeitura de Campo Grande, que poderia pelo menos fazer a limpeza das areas afetadas. Além de enfrentarmos toda a destruição causada pela barragem do condominio de luxo, ainda temos que viver assustados com os animais peçonhentos que aparecem, principalmente cobras e outros animais que agora têm livre acesso aos nossos quintais.
Peço encarecidamente que a imprensa que não deixe o assunto sobre essa barragem morrer.
Muito obrigada.
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Entenda
Em 20 de agosto de 2024, 13 famílias tiveram as vidas afetadas após o rompimento da barragem do condomínio de luxo Naza Park, que fica localizado na BR 163, entre Campo Grande e Jaraguari. Várias propriedades foram destrupidas pela inundação causada por 800 milhões de litros de água que extravassaram do lago artificial criado sem autorização de órgãos ambientais. A água virou lama e arrastou tudo o que tinha pela frente, foram quilômetros de destruíção e até hoje as famílias não foram indenizadas.
Gabriele do Prado é leitora do Capital do Pantanal e escreveu essa carta em desabafo por tudo que ela, sua família e vizinhos estão enfrentando.
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