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Câmara de Corumbá - Boas Festas
COLUNA

Entrelinhas

Anne Andrea Fonseca de Andrade

Fios furtados

Corumbá não está no escuro apenas pela ausência de iluminação. Está às cegas diante de promessas não cumpridas

26 julho 2025 - 10h31

Enquanto a imprensa local noticia que os furtos de cabos elétricos estariam atrasando a modernização da iluminação pública em Corumbá, a população se pergunta: e as ações concretas? Onde está o policiamento preventivo, as rondas ostensivas, a vigilância urbana?

Relatar o problema não basta. Essas matérias funcionam mais como escudo diante das cobranças do que como resposta efetiva. O que se espera do poder público são providências objetivas. Monitoramento por câmeras em pontos vulneráveis. Presença constante da Guarda Municipal. Integração real com a Polícia Militar e a Polícia Civil. Investigação diligente de cada caso, com registro e responsabilização.

A responsabilidade pela segurança pública é compartilhada. Compete ao Estado, por meio das forças policiais, garantir o patrulhamento e coibir os crimes. À administração municipal, cabe proteger o patrimônio público, manter as vias iluminadas e atuar em parceria com os demais órgãos. Quando essas atribuições são negligenciadas, o resultado é abandono e insegurança.

Em 2016, foi anunciada em Corumbá uma central de videomonitoramento com capacidade para até 170 câmeras, sob responsabilidade da Guarda Municipal. No mesmo período, o Estado instalou 15 câmeras em pontos estratégicos, como parte de um investimento de 4 milhões de reais destinado ao combate à criminalidade na fronteira. Em 2021, novas câmeras foram prometidas: 30 com visão 360 graus e outras 8 fixas, com previsão de ampliação do sistema. Até hoje, porém, não há transparência sobre a instalação, o funcionamento ou a cobertura desses equipamentos. Requerimentos parlamentares foram apresentados solicitando esclarecimentos, mas os resultados permanecem invisíveis, assim como os olhos eletrônicos que deveriam proteger a cidade.

Corumbá não está no escuro apenas pela ausência de iluminação. Está às cegas diante de promessas não cumpridas. A população não exige o impossível. Apenas espera que o que foi anunciado com entusiasmo e assumido publicamente seja, enfim, executado. Segurança pública não se constrói com discursos nem com placas de inauguração. Exige estrutura, planejamento e responsabilidade.

Modernizar é necessário. Mas governar vai além de trocar lâmpadas. É também prevenir, proteger e agir. O tempo das promessas já passou.

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