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Cesare Battisti volta ao litoral de SP, fala pela 1ª vez após ser solto e denuncia 'armação': 'Má intenção'

10 outubro 2017 - 08h08G1-SP

O ex-ativista de esquerda e acusado de terrorismo na Itália, Cesare Battisti, retornou para a casa de amigos em Cananéia, no litoral de São Paulo. Ele ficou preso por dois dias após tentar acessar a Bolívia pela fronteira com Corumbá (MS). Battisti falou pela primeira vez após ser solto, com exclusividade, para a TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista e Vale do Ribeira.

Battisti foi detido na quarta-feira (4) por equipes da Polícia Rodoviária Federal em um táxi boliviano. Ele foi flagrado com U$ 6 mil e € 1.300, segundo informações da Polícia Federal, sem a declaração obrigatória que deve ser feita à Receita Federal para transportar altos valores.

Antes de voltar para Cananéia, Battisti ficou na capital paulista, na casa de amigos. Ele chegou ao litoral de São Paulo no domingo (8) à noite, e permanece desde então na residência de outros amigos.

O ex-ativista relatou os momentos que antecederam sua prisão, e disse que tudo não passou de uma “armação”.

Battisti está na casa de amigos em Cananéia, SP. Foto: Reprodução/TV Tribuna

"A gente foi pescar, eu, o Vanderlei e o Paulinho. Nós iríamos até um shopping comprar coisas de couro, vinhos e material de pesca. Tudo isso eles [polícia] já sabiam, a gente falou. Por isso eles já estavam preparados para pegar a gente”, afirma.

Battisti continua, dizendo que não estava fugindo, pois tem direito de sair do país quando quiser. “Eu sou um imigrante com visto permanente no país. Eu posso sair desse país quando e como quiser. Eu tenho todos os direitos que tem o brasileiro, não sou refugiado. Sou um imigrante. Isso é uma mentira”.

Ele complementa e questiona: “Eu estava fugindo de quê? O único país onde estou protegido é aqui. Não conheço ninguém na Bolívia. O decreto do Lula não pode ser revogado, e depois de cinco anos acabou o prazo. Estou em prescrição, não tem como. Se eles estão achando que podem me mandar para a Itália, vai ser de forma ilegal”.

Battisti ainda reforçou sua tese de “armadilha”. “Fomos abordados a 200 km da fronteira. Ficamos lá um tempão. O carro foi quase desmontado. Continuamos a viagem. Estavam esperando a gente. E aí, com muita má intenção mesmo. Gente dissimulada mesmo. Dando risada. Foi tudo bem estranho. A nossa impressão é de que tudo estava bem organizado, já esperando a gente”.

O ex-ativista também falou sobre o dinheiro encontrado com ele e os amigos. “Nós éramos três pessoas, e o dinheiro não era só meu. O dinheiro era dos três. A intenção deles era configurar um crime. Foi muito feio. Eu fiquei na delegacia por três dias. Não podia ficar lá. Uma cela sem luz, no chão, sujo e fedido. Tiraram tudo de mim. Consegui uma toalha no final. Tinha provocações. Eles [policiais] estavam em uma espécie de euforia. Quando chegou o habeas corpus, parecia um enterro. Todo mundo com cara feia”, descreve.

Battisti diz que, agora, deve permanecer no litoral paulista. “Estou sendo hóspede na casa de um amigo. Eles estão me ajudando muito. Estou construindo uma casinha em Cananéia, mas vou ter que esperar. Apesar de algumas manobras meio estranhas para me mandar para a Itália”, concluiu.

Prisão preventiva

Na quinta-feira (5), Battisti teve a prisão convertida em preventiva, por decisão do juiz federal Odilon de Oliveira, durante audiência de custódia na Justiça Federal de Mato Grosso do Sul. A justiça acatou um pedido feito pelo Ministério Público Federal (MPF) local.

Na audiência, Battisti alegou que estava em viagem para comprar materiais de pesca, casaco de couro e vinhos, e admitiu que não tinha autorização para sair do Brasil. Ele afirmou que o dinheiro era dele e que a legalidade pode ser comprovada por movimentação bancária.

“Pela informação que eu tive dos meus outros dois companheiros, eu achava que esse centro comercial estava em zona internacional, que aí não era território boliviano. Senão, eu não teria feito isso aí", justificou para o juiz. “Eu nunca tive a intenção de sair do país", garantiu.

De acordo com a Receita Federal, qualquer pessoa que esteja cruzando a fronteira com mais de R$ 10 mil em espécie, seja em moeda nacional ou estrangeira, precisa fazer uma declaração chamada "Bens de Viajantes". Aqueles que são flagrados irregularidades são detidos.

Na sexta-feira (6), o desembargador José Marcos Lunardelli concedeu habeas corpus, segundo informações do advogado de defesa do italiano, Igor Sant’Anna Tamasauskas. A informação foi confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) e ele acabou liberado.

Caso Battisti

O ex-ativista de esquerda foi condenado à prisão perpétua na Itália em 1993, sob a acusação de ter cometido quatro assassinatos no país nos anos 1970. Ele era membro do grupo Proletários Armados para o Comunismo (PAC). O italiano nega envolvimento nos homicídios e se diz vítima de perseguição política.

Battisti, então, fugiu para a França, onde viveu por alguns anos, e chegou ao Brasil em 2004. O ex-ativista foi preso no Rio de Janeiro em 2007 e, dois anos depois, o então ministro da Justiça, Tarso Genro, concedeu a ele refúgio político.

A Itália recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a concessão de refúgio para Battisti e pediu a extradição dele de volta ao país.

No julgamento realizado em fevereiro de 2009, os ministros negaram o pedido de liminar do governo italiano contra a decisão de conceder refúgio a Battisti, mas votaram pela extradição do ex-ativista. Entretanto, por 5 votos a 4, o STF definiu que a palavra final sobre a extradição caberia ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 31 de dezembro de 2010, no último dia de seu governo, Lula recusou a extradição de Battisti.

Neste ano, o governo da Itália apresentou um pedido para que o Brasil reveja a decisão do ex-presidente Lula. O Planalto nega que esteja reavaliando a permanência de Battisti no Brasil. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, já disse que este assunto não está sendo tratado no governo.

No fim de setembro, os advogados de Battisti entraram com um pedido no STF para impedir a possibilidade de Temer decidir extraditá-lo. Em entrevista em 2014 ao programa Diálogos, de Mario Sergio Conti, na GloboNews, o italiano afirmou que "nunca" matou “ninguém”.

 

 

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