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Cai número de passageiro por quilômetro nos ônibus de Campo Grande

09 dezembro 2019 - 10h25Ricardo Campos Jr./Correio do Estado

Campo Grande está perto de transportar uma única pessoa pagando tarifa a cada 1 quilômetro rodado pelos ônibus coletivos. É o que revela o Índice de Passageiros por Quilômetro Efetivo (IPKE) de 2019, que ficou em 1,285 após já ter registrado queda de 2,75% em relação a 2018 (1,3178).

O dado é normalmente usado pelas prefeituras em todo o País para medir a eficiência do sistema de transporte urbano. Quanto menor ele for, significa que mais gente está optando por meios alternativos de locomoção, como veículos próprios ou até mesmo com motoristas de aplicativo.

Em 2012, quando o serviço foi entregue nas mãos do Consórcio Guaicurus, o índice era de 1,71 e só despencou desde então.

O problema é que o IPKE também tem peso no cálculo da tarifa. A lógica é simples, quanto menos gente pagando para andar de ônibus, mais cara deve ser a passagem – para que o consórcio que administra o sistema não saia no prejuízo. 

Porém, o arquiteto e urbanista Fayez Rizk pondera que se o sistema público de transporte urbano não funciona e, obviamente, vai afastar cada vez mais as pessoas. “O nosso transporte coletivo faliu. Foi planejado em 1978, implantado no começo dos anos 90 e foi lentamente destruído. Você podeaté comprar mais ônibus, o que eu acho ótimo, mas é o sistema em si que está falido e começou a derrocada quando acabaram com o terminal central na antiga rodoviária”.

BOLSO PESADO

A Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) explica que existem outros fatores, além do IPKE, que interferem no valor da tarifa. O salário dos motoristas, que hoje é motivo de discussão, tem o maior peso, 40%. 

Também incidem a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a variação no preço das peças e carrocerias medida pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), além da variação no preço do combustível medida pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP).

O diretor-presidente da Agereg, Vinícius Leite Campos,  explica que o Consórcio Guaicurus encaminha a planilha com todas essas variações e até sugere o reajuste, porém, normalmente ovalor é desconsiderado porque existe uma fórmula matemática que mostra qual deve ser o aumento diante de todos os itens da lista.

A data-base para o aumento de salário dos motoristas é entre 20 e 22 de dezembro e, enquanto patrões e empregados não chegarem a um consenso, não há como reajustar a tarifa, já que depende desse porcentual. “Pode até ficar para o ano que vem. Depende de eles se entenderem”, afirmou.

DESMONTE

Rizk, que já prestou consultoria à prefeitura em diversas ocasiões envolvendo o sistema de transporte coletivo, afirma que falta racionalidade na questão. Para ele, a pesquisa de origem e destino – da forma como é feita – vai ter pouca utilidade. “Estão abordando as pessoas nos ônibus e terminais e perguntando qual linha elas vão pegar naquele momento. Não é assim. Você deveria considerar o trajeto, perguntar em que bairro moram e para qual bairro vão, que horas saem de casa e qual o trajeto. De repente o município percebe que em determinada hora saem 90 pessoas de um determinado bairro, tornando necessária uma linha naquele local, naquele momento”, pontua.

Outro fator é o tamanho das rotas. Na visão do arquiteto, é fundamental existir um terminal no Centro. Se os ônibus fossem dos terminais nas periferias até o coração da cidade e voltassem, não haveria necessidade de colocar muitos carros naquela linha, porque as voltas seriam mais rápidas.

A linha 083, por exemplo, sai do Terminal Aero Rancho e vai até o Nova Bahia, de uma ponta a outra da cidade. “Você fica duas horas dentro de um ônibus para chegar ao seu destino. Vai fazer o quê? Pegar um Uber”, diz Rizk.

Segundo o arquiteto, não há que apontar o dedo para definir um culpado pelo problema. “Não estou fazendo críticas a ninguém. Não é só o consórcio, não é só a prefeitura. O sistema se deteriorou ao longo dos últimos anos. A culpa é de todo mundo”, pontua.

PREJUÍZO

João Rezende, presidente do Consórcio Guaicurus, aponta a falta de infraestrutura do transporte coletivo como responsável pela queda no IPKE. “Esse índice mostra quemrealmente banca o sistema, quem sustenta é quem paga a passagem. Em um cenário hipotético de extrema estabilidade, em que não houvesse variação em nada, mas o número de passageiros caísse, a passagem aumentaria de todo o jeito, assim como se acontecesse o contrário e o IPKE subisse, o vale-transporte poderia ficar mais barato”, disse.

Rezende cita, por exemplo, a falta de corredores exclusivos para os ônibus, deixando os veículos livres para circularem e, assim, reduzindo o tempo da linha. “Como vamos exigir de um ônibus que ele mantenha uma velocidade uniforme para cumprir um horário se ele não tem o trânsito livre? É preciso investir na infraestrutura diária. Tecnologia, nós temos, mas de que adianta se, ao vermos que o veículo está atrasado, não podemos fazer nada?”.

Sobre a influência dos pagantes no preço da tarifa, o diretor-presidente afirma: “Se alguém freta um ônibus para fazer uma excursão por R$ 5 mil e for sozinha, só ela desembolsa o dinheiro. Se ela arrumar um companheiro, paga só R$ 2,5 mil. Se leva quatro, pagará R$ 1.250 por diante. O custo do frete continua o mesmo, mas são mais pessoas dividindo a conta”, conclui Rezende.

MANIFESTAÇÃO

Com cartazes cobrando respeito e melhores condições, cerca de 100 pessoas participaram de manifestação organizada na manhã de sábado (7) por motoristas do transporte público coletivo, que cobram melhorias no emprego como reajuste salarial de 13%, aumento no valor do ticket alimentação e menor carga horária.  O grupo não tem apoio do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU).

 

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