A democracia foi exercida pelo voto popular com a disputa eleitoral entre vários candidatos a vereadores e prefeitos. O exercício da cidadania se fez presente com participação popular e escolha democrática dos representantes do povo na esfera da administração municipal. Na teoria, a democracia se renova com a vontade popular escolhendo livremente seus representantes.
O voto então seria a “arma” contra atos de corrupção, contra improbidade administrativa, contra desvio de dinheiro público e mazelas de governos ineficientes ou mesmo apoiar governos que se entendam que mereçam uma nova chance no caso de reeleição para continuar os bons trabalhos realizados.
A democracia, como melhor regime existente até o momento, nem de longe é contestada face à experiência autoritária ocorrida em partes do mundo.
Ocorre, que não podemos cair no erro do simplismo doutrinário, palavras soltas no ar e passos lentos de ganso, para verificar que não é bem assim que a democracia se perfaz na realidade, pois há formas corrompidas bem longe do idealismo histórico sobre participação popular nos governos.
Há uma imensidão de fatos ao derredor da democracia, das eleições, e da vontade popular, que necessitaria um oceano de indagações para aprofundar o debate. No sistema político e social, há os denominados poderes implícitos (econômicos, igrejas, organizações, militares), que exercem a real influência no sistema eleitoral com indicações de pessoas, dogmas e objetivos setorizados a interesses obscuros de poucos, e não da população em geral; do povo.
A imensidão de teorias da comunicação, persuasão e manipulação das massas, também podem ser citadas como outro modo de desvirtuamento prático da democracia. Neste ponto, a mídia e propaganda eleitoral exercem um poder - digamos sobrenatural - sobre as consciências na opinião pública/opinião publicada. Técnicas das mais aprofundadas da comunicação são usadas para disseminar ideais e meias verdades, que logo são incutidas num tipo de “indústria da consciência” imperceptível ao sentir do eleitorado.
Quanto às eleições, não vamos adentrar mais afundo sobre a teoria política, mas é importante frisar que é no voto que se direciona os mais tenazes e ocultos temas do mundo democrático. O voto é um conceito dos mais complexos para análise da vida democrática, mas é na vida prática vivida que aprendemos a realidade política. Há muito a ser dito sobre o tema e esperanças distorcidas por um complexo de circunstâncias do poder econômico no obscuro mundo político. A vontade popular, o livre arbítrio são apenas partes da engrenagem simbólica de distorções do sistema. Hoje, não necessitam de fuzis para controlar a multidão; temos a democracia e processos subliminares para corromper o sistema e o “povo” como coadjuvante.
E vamos vivendo depois das eleições.
Valmir Moura Fé
Delegado de Polícia