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O adeus ao mestre

27 abril 2020 - 11h46

A cultura pantaneira de Mato Grosso do Sul se despede hoje, dia 27 de Abril, de um dos seus ícones mais representativos. Agripino Magalhães, o “Seu Agripino”, falecido neste domingo, 26, com 101 anos. Conhecido por sua trajetória como cururueiro, “Seu Agripino”, vinha apresentando problemas de saúde e faleceu em casa.

Por conta da pandemia do novo Coronavírus, a despedida ao artista não será como merecida. O sepultamento, marcado para o fim da tarde de hoje, no Cemitério Santa Cruz, em Corumbá, está sentenciado ao silêncio da ausência do público, que tanto já aplaudiu o Mestre da viola de Cocho.  

O adeus à “Seu Agripino” toca toda classe cultural de Corumbá e Ladário e traz lembranças emocionantes como a de Sebastião de Souza Brandão, outro ícone da cultura pantaneira. Em entrevista divulgada pela Prefeitura Municipal de Ladário, Sr. Sebastião lembra que durante muito tempo acreditou que eram parentes, devido a proximidade das famílias. "Ele estava o tempo todo no meu pensamento, o vi tem pelo menos duas semanas, queria mostrar para ele um livro que foi escrito na Alemanha que conta a nossa história e trajetória. Também queria dizer que estava fazendo um siriri para tocar com ele, mas infelizmente recebi essa notícia. Ninguém sabe o que estou sentindo, ninguém sabe o tamanho dessa dor”, finalizou.

Seu Agripino faz parte de um período determinante da cultura pantaneira, onde foi criado o instrumento característico da região, tombado historicamente. A Viola de Cocho é um símbolo do sertanejo do Pantanal, passada de geração para geração, possui características históricas de um povo forte que traçou sua cultura com influências fronteiriças, porém com identidade própria. Seu Agripino é um dos líderes desse movimento.  

“Meu amigo, vai em paz, pois aqui você deixou a sua marca de um homem que nunca foi preso, nunca se envolveu em brigas, íntegro, pai de família, avô e eternamente Mestre Cururueiro”, disse Seu Sebastião, que quase sem voz encerrou a entrevista.

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